Posse privada de livros, práticas de leitura e cultura jurídica na São Paulo Oitocentista. A biblioteca da João Theodoro Xavier
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A formação de um público leitor mais consistente e do mercado livreiro em São Paulo, durante o século XIX, foram inaugurados com a instalação da Academia de Direito, em 1827. Criada com o objetivo explícito de formar as elites dirigentes e burocráticas do novo país, a Faculdade foi palco de intensos debates intelectuais e políticos que, de alguma forma, ilustravam bem as tensões e disputas em torno dos projetos para o novo Estado nacional e, alguns anos mais tarde, para a República brasileira. Seus professores e alunos formavam, majoritariamente, o público leitor da pequena cidade – fato indicado pela análise das bibliotecas privadas presentes nos inventários post-mortem do período. João Theodoro Xavier foi aluno e professor da Academia de Direito de São Paulo, ocupou cargos públicos, atuou no Legislativo e foi presidente dessa Província entre 1872-1875. Como Lente Catedrático, ele redigiu um compêndio de Direito Natural para servir de base para o ensino da disciplina, no qual, mais do que estabelecer as bases que deveriam reger o Direito, o autor formulou suas concepções sobre a sociedade, posicionando-se nos debates e inquietações do período. A análise desse documento, junto com o exame de sua biblioteca particular e de sua atuação como governante da Província, possibilitou a compreensão da dinâmica da posse privada de livros através dos inventários post-mortem e dos mecanismos de leitura e apropriação de textos.
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Vivian Nani Ayres, Universidade de São Paulo
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), com pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de 2013 a 2018.
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